GPS
37.24160, -8.04288
Salir é uma freguesia do concelho de Loulé com uma área de 187,75 km² e 2.458 habitantes (Censos 2021). É vizinha da freguesia do Ameixial a norte e das povoações de Santa Cruz e São Barnabé. A nascente faz fronteira com São Brás de Alportel, Cachopo e Querença, a poente com Alte e a sul com a freguesia de São Sebastião, de Loulé.
CARACTERÍSTICAS NATURAIS
ORIGEM
OCUPAÇÃO HUMANA
Existem evidências de ocupação humana que remontam há milhares de anos, mais concretamente aos períodos Neolítico (da pedra polida) e Calcolítico, primeira metade do 3.º milénio antes de Cristo, imediatamente antes das Idade do Cobre e do Bronze. No Museu Nacional de Arqueologia encontra-se uma placa de xisto gravada encontrada em Salir e datada desse período (Loulé, Territórios, Memórias, Identidades, pág. 53), com cerca de 20 centímetros de altura por 12 de largura e pouco mais de 1 centímetro de espessura.
Estácio da Veiga, notável arqueólogo português (1828-1891), garante que a presença humana em Salir remonta pelo menos ao Neolítico, escrito que publicou na obra As Antiguidades Monumentaes do Algarve: «Temos, portanto, a contar da mina de Santo Estevão, no concelho de Silves, até à da Vendinha do Esteval, no de Loulé, e sempre no rumo de leste, uma dilatada região, que mede em linha recta, entre os ditos pontos, uns 35 quilómetros, assignalados por tantos grupos de população neolithica, quantas são as minas com trabalhos prehistoricos.»
Em Salir, têm vindo a ser descobertos vestígios arqueológicos de diferentes épocas, desde o século XIX.
PATRIMÓNIO NATURAL
SÍTIO CLASSIFICADO DA ROCHA DA PENA
A Rocha da Pena, uma formação rochosa do tipo calcário, tem 479 metros de altitude e é um dos pontos mais altos do Algarve central, localizado nas freguesias de Salir e Benafim. Devido à sua biodiversidade, a área recebeu em 1991 a certificação de Sítio Classificado, abrangendo uma área de 637 hectares. A paisagem rochosa que caracteriza esta área protegida é chamada de cársica e apresenta várias estruturas moldadas pelo tempo, mais concretamente pela erosão química da água das chuvas, que transforma o calcário em bicarbonato de cálcio, arrastando-o e diluindo lentamente as pedras, criando buracos ao longo de milhões de anos.
Local único no Algarve, pela sua diversidade faunística e florística, apresenta diferenças entre as faces sul e norte, ao nível das espécies que se pode encontrar. Apresenta perto de 30 endemismos. Um é do Algarve, três são europeus, seis são lusitânicos e 19, ibéricos. Espécies como a rosa-albardeira ou a marioila podem encontrar-se aqui, a par da urze-vermelha, do pitosporo e da torga.
Em termos de fauna, destacam-se o texugo, o saca-rabos, a raposa, o ouriço, a lebre e o coelho bravo, a par dos Morcegos-de-peluche e Morcego-rato-pequeno, espécies muito sensíveis que não devem ser perturbadas nos seus abrigos. Nos pequenos cursos de água, há também anfíbios como os tritões e as salamandras. Regista-se ainda a presença ocasional da Águia-de-bonelli, Águia-de-asa-redonda, Mocho-pequeno, Mocho-real, peneireiro e milhafre.
JAZIDAS DO METOPOSAURUS ALGARVENSIS
CAVERNA DO POÇO DOS MOUROS
NAVE DO BARÃO
PATRIMÓNIO EDIFICADO
CASTELO DE SALIR
Este monumento, de arquitetura militar islâmica, é de construção almóada. Construído em taipa sem alcáçova, tem planta oval acompanhando as linhas de relevo do monte onde se implanta. Com origem islâmica tardia, numa altura de intensa pressão militar cristã, inseria-se estrategicamente na rede de castelos almóadas do Algarve. Salir encaixava-se estrategicamente na rede defensiva rural, linha de fortificações que aliava os castelos a uma série de alcarias na zona do barrocal, funcionando também como posto avançado para o interior. A maioria do que constituiu o antigo Castelo de Salir encontra-se hoje em ruínas, restando atualmente apenas quatro torres, relativamente bem conservadas. No que resta do Castelo, há vestígios de casas erguidas nos séculos XII e XIII, com os silos escavados na rocha, os arruamentos e as canalizações, bem como um estreito passadiço ou adarve entre a muralha e algumas das habitações.
Com o propósito de valorizar os achados, foi inaugurado em 2002 o Pólo Museológico de Salir, onde se encontram expostos materiais recolhidos durante várias escavações arqueológicas.
IGREJA MATRIZ DE SALIR
A ermida de São Sebastião de Salir – ou de Sam Sebastião de Sellyr – era um edifício gótico, com capela-mor e corpo de três naves e três tramos, com arcos ogivais assentes em colunas de cantaria. O edifício, embora mais pequeno do que é hoje, já existia em 1518, aquando da visitação da Ordem de Sant’iago às igrejas de Loulé, que refere a existência de um interessante cálice de prata dourada com uma imagem de São Sebastião no pé, oferecido pelo Rei D. Manuel I. Muitos dos monumentos religiosos do Sul do país pertenciam, à época, a essa ordem liderada por D. Jorge, Mestre de Avis e de Santiago, filho de D. João II. A Ordem de Sant’iago, com os seus cavaleiros, sedeada em Uclés, Castela, Espanha, desempenhou um papel fundamental no apoio à conquista cristã do Algarve e obtinha a partir desta região rendas consideráveis.
Dedicada a São Sebastião, considerado na Idade Média protetor da peste e dos males contagiosos.A igreja não resistiu ao terramoto de 1755, tendo colapsado por completo, destruindo a capela-mor. Na reconstrução, o templo cristão ficou apenas com uma nave e capela-mor, ambas retangulares. Posteriormente, novos abalos sísmicos em 1856 e 1969 fizeram com que as reconstruções descaracterizassem o edifício. Um incêndio, em 1995, obrigou à reconstrução do teto. Atualmente, destaca-se a talha da época barroca, no altar-mor e em dois retábulos, e a imagem de S. Sebastião, datada do século XVII. A igreja guarda ainda um pergaminho quinhentista proveniente de Roma, escrito pelo cardeal João. O documento terá sido iluminado por um pintor farense em 1550.
ERMIDA DE NOSSA SENHORA DO PÉ DA CRUZ
É desconhecida a data de fundação desta ermida. Admite-se que possa ter sido a primeira sede da freguesia, caso em que as suas origens poderão remontar ao século XIII, mas não há evidências concretas que permitam prová-lo. Certo é que, em 1518, a Ermida não é referida nas visitações da Ordem de Sant’iago, tão pouco nas de 1554. O mais provável é que só tenha sido edificada no século XVII, segundo afirmam Francisco Lameira e Marco Sousa Santos em Roteiro da Arquitetura Religiosa no Concelho de Loulé. Em 1758, os registos do pároco de Salir indicam que a ermida se encontrava “dentro do Castelo”.
O edifício tem planta retangular, com uma capela-mor e nave única. A capela-mor ostenta uma imagem de madeira da padroeira, datada do século XVII. Uma imagem do Senhor Morto, também setecentista, está no interior de uma mesa envidraçada. Na nave, uma imagem de Santa Rita (século XVII) e outra de Santa Bárbara (século XVIII), ambas de madeira. No campanário, há um sino de bronze datado de 1763, com a legenda «Santa Maria ora por nós».
OUTROS PONTOS DE INTERESSE
MALHÃO
O Malhão, pico com 504 metros de altitude, é um dos pontos de interesse com uma vista panorâmica memorável, junto a uma aldeia que parece ter parado no tempo. O declive acentuado e a existência de uma boa estrada alcatroada fazem com que este ponto seja utilizado regularmente nas etapas de Volta ao Algarve ou mesmo Volta a Portugal em bicicleta. A subida, com cerca de 2,5 quilómetros e com um pendente média de 8,9 por cento e máxima de 24,7 por cento, culmina numa altitude de 501 metros.
O seu caráter isolado terá contribuído para que aqui se instalasse um templo budista e uma Estupa, ligada à Stupa – Associação para a Paz no Mundo. Em 2007, quando começou a ser construída, a estupa era o primeiro monumento budista em Portugal.
NAVE DO BARÃO
CENTRO AMBIENTAL DA PENA
Localizado junto à pequena aldeia da Pena, na vertente sul da Rocha da Pena, o Centro Ambiental da Pena dedica-se à educação ambiental, desenvolvimento integrado, promoção e valorização do património cultural e ambiental do concelho de Loulé, a par da dinamização sócio – cultural local.
A funcionar na antiga escola primária da aldeia da Pena desde 1992, resulta de um protocolo estabelecido entre a Câmara Municipal de Loulé e a Associação Almargem – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve.
CENTRO INTERPRETATIVO DE ARQUEOLOGIA DE LOULÉ
QUINTA DO FREIXO
Com uma área de cerca de 800 hectares, a Quinta do Freixo é provavelmente a maior exploração agrícola do Algarve. Dedica-se à agricultura, à pecuária, à transformação e ao turismo rural. Centro de produção de compotas, queijos e aguardantes de marca própria, certificados como produção biológica, é um lugar preferencial de visita para experimentar os sabores da região. Também podem ser encontrados em lojas de produtos regionais.
FESTAS E ROMARIAS
DINÂMICAS HUMANAS
GASTRONOMIA