A Rocha da Pena é um dos mais emblemáticos monumentos naturais do Algarve, situada entre as freguesias de Salir e Benafim, no concelho de Loulé. Este afloramento calcário, com cerca de 2 km de comprimento e uma altitude máxima de 479 metros, destaca-se como uma imponente cornija escarpada, marcando a transição entre o Barrocal e a Serra algarvia.

Geologia e Paisagem
A origem da Rocha da Pena resulta da combinação de movimentos tectónicos, erosão e encaixe da rede hidrográfica, formando um relevo estrutural único, conhecido localmente como “Algarve vermelho” devido à presença de rochas avermelhadas, como o grés de Silves. O planalto calcário apresenta escarpas de até 50 metros de altura, com grutas e fendas esculpidas pela ação da água ao longo dos séculos, sendo a gruta do Algar dos Mouros uma das mais notáveis, envolta em lendas de refúgio mourisco após a conquista cristã de Salir.

Além do seu valor paisagístico, a Rocha da Pena ganhou destaque internacional pela descoberta de fósseis únicos de salamandras gigantes (Metoposaurus algarvensis), que viveram há cerca de 220 milhões de anos, impulsionando a candidatura do território a Geoparque da UNESCO.

Biodiversidade
A área protegida, com cerca de 671 hectares, abriga uma das maiores diversidades de flora do Algarve, com mais de 500 espécies identificadas, incluindo raridades e endemismos como o Narcissus calcicola e a palmeira-anã (Chamaerops humilis), a única palmeira espontânea da Europa. O mosaico de vegetação mediterrânica inclui sobreiros, rosmaninho, alecrim, orquídeas selvagens e outras plantas aromáticas.

No que toca à fauna, a Rocha da Pena é refúgio para mais de 300 espécies animais. Destacam-se cerca de 120 espécies de aves, incluindo aves de rapina como a águia-perdigueira (Aquila fasciata), o falcão-peregrino (Falco peregrinus) e o peneireiro (Falco tinnunculus), além de mamíferos como javalis, ginetes, coelhos e várias espécies de morcegos.

Património e História
O local guarda vestígios arqueológicos, como muralhas de pedra atribuídas à Idade do Ferro, provavelmente construídas por povos celtibéricos, e testemunhos de ocupação humana desde o Paleolítico. Os moinhos de vento da Pena são símbolo da importância agrícola da região.

Atividades e Visitação
A Rocha da Pena é um destino privilegiado para caminhadas, escalada e observação de natureza. O percurso pedestre circular, com cerca de 4,7 a 7 km, está bem sinalizado e oferece vistas panorâmicas sobre o interior algarvio, o Alentejo e, em dias claros, até ao oceano. O trajeto inclui miradouros, passagem por grutas, antigas muralhas e a aldeia de Penina, onde se pode visitar um minimuseu e património local.

A visita é recomendada fora dos meses mais quentes, devido à escassez de sombra, sendo essencial levar água e calçado adequado. Está prevista a criação de um Centro de Interpretação Ambiental para valorizar ainda mais este património.

Conservação
Classificada como Paisagem Protegida Local desde 2010 e Sítio Classificado desde 1991, a Rocha da Pena é gerida pela Câmara Municipal de Loulé, integrando o Sítio de Importância Comunitária Barrocal, com regulamento próprio para proteção dos seus valores naturais e culturais.

A Rocha da Pena é, assim, um autêntico tesouro do Algarve, onde geologia, biodiversidade, história e paisagem se unem, oferecendo experiências únicas a quem a visita.